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Crônicas de Sunnah [parte 02] [Ghūl]


Somos chamados de monstros, aberrações, não mortos, doentes. Raramento nos é dado qualquer espécie de oportunidade. Para os Alsahras, mesmo aqueles menos fervorosos por aquela fé cega, somos ladrões de crianças, principalmente às recém nascidas, para que possamos nos alimentar delas, ou fazer alguma espécie de ritual profano, o que explica nós raramente adoecermos, podermos passar mais tempo sem nos alimentar ou ingerir água.

Os Humanos acreditam que por nossa pele se assemelhar a coloração dos seus mortos, eles acreditam que nós somos seus semelhantes que acabaram perecendo em eras anteriores e retornaram para atormentá-los, e/ou que não passamos de canibais a espreita da próxima refeição.

A nós, nos foi obrigado morar às margens das cidades, servindo como míseros guarda-costas nas caravanas, deixados para morrer ao primeiro sinal de perigo externo, ou qualquer outra desconfiança por parte do contratador.

Mesmo nossas crianças, que são raras e muito mais frágeis que as demais ao nascerem, aprendem que quando veem nossas pele acinzentadas e com poucos pelos, nossas orelhas levemente pontudas, e principalmente nossos olhos brilhantes, os Humanos e os Alsahras, já aparecem com pedras em suas mãos e desconfiança em seus olhar.

Mas provavelmente isso deve ser inveja, pois nós somos aqueles que conseguem andar por mais tempo sobre as areias quentes de Sunnah, talvez seja por isso, por nossa longevidade, conseguindo alguns de nossos, quando não mortos por adagas ou lanças, alcançar idade superior aos 100 anos, enquanto os Humanos mal passam dos 60, e dentre os Alsahras, poucos conseguem alcançar a marca dos 50 anos.

Algumas lendas, contam que aqueles dos nossos que rumaram para o Oeste Longínquo, para o grande Mintaqat Mayta, conseguiram encontrar um local onde apenas nós conseguimos viver, onde poucos são os Humanos ou os Alsahras, e estes não nos veem como inimigos ou seres indesejados.

Talvez neste local, não seja tão comum ver um dos nossos acabar indo para o caminho errado, indo atrás de uma forma de conseguir um Eaqad, tornando-se desta forma um Muqawil, e utilizando aquele temível poder para descontar todo ódio àqueles que tanto nos oprimem, fazendo com que continuemos sendo temidos e odiados, em um ciclo sem fim.

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